Elzana Mattos

Gotas Acesas -  que jorram infinitamente...do meu ser!

Textos


Bruxa ou Menina!

Hoje mais uma vez acordei - bem cedinho! com o canto do galo preto.
E pus-me a refletir, demoradamente...
diante do reflexo de mim em um pedaço estilhaçado de um espelho!
Embora, quebrado, via-me completamente inteira! Exatamente como eu era!
Será que um dia você já se sentiu como uma bruxa...
Encarquilhada - como eu?
Com rugas na cara, nariz disforme, cabelos de vassoura,
E verrugas n’alma?
Tendo de resmungar e cuspir fogo nas lembranças passadas...
Até ficarem impregnadas de impressões amargas e tristes!?

Será que você já bocejou - discretamente,
Sem que alguém perceba... o vasto silêncio que ecoa...de dentro para fora
Dentro das muralhas impenetráveis de ti? - Diante do seu espelho!

Por entre soluços roucos e longos... e risadas estridentes,
Sem dentes, escancarados...sombrio...
Na cidade das bruxas... onde me encontro sozinha!
No breve cortar da faca cega que me fere... furtivamente.
E que prefere, também, dormir mais um pouco... em pesadelos!

Lá do alto - no sótão, fico a cochilar...
Lágrimas que rolam por dentro de mim, demasiadamente,
E que preferem continuar... dormindo na voz do tempo,
Que insiste partir e escorrer...sem pudor...
Por entre os meus longos e ásperos dedos!

Hoje mais uma vez me encontro diante da lareira espalmada...
Do fogão de lenha – acesos da memória infinda!
Porém, mornos de tristezas que ruflam - cegamente!

E da janela, lá do alto, no topo do sótão, prevejo outros espelhos!
Percebo imagens na penugem esmaecida que se formam,
Através do blackout que esconde... segredos e,
Desejos incontidos... de mim!

Longínquos e monótonos sentidos no desconstelar inebriante,
Fantasmas que me acompanham sem desvelo nos castelos dos medos!

Cada um agora segue o seu caminho...
Como eu,
E como deveria ser,
Na vida de qualquer uma...
E voar... quem sabe,
Na vassoura intrépida do silêncio,
Ou voar sem asas... e cair literalmente,
No abissal infinito do breu...abissal do meu espelho fumarento!
Que me ronda e me acorda,
Sorrateiramente,
Mesmo sendo...
Em manhãs cinzentas,
Em outras encruzilhadas...
De Bruxa ou Menina?!...



Elzana Mattos
Enviado por Elzana Mattos em 26/05/2011
Alterado em 30/10/2012
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