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 Na cozinha da fazenda grande o fogareiro permanece aceso... no fio dos anos sob um sendal de bruma, que, penetra intempestivo... em minha memória...
E da varanda da frente... se assisti, através das cortinas pesadas e espessas do tempo... nuvens de poeiras, que se esparzem levemente num negrume quase assustador ao atravessae sutilmente as fronteiras da porteira, que, ora fechada... se abre ao tremular dos sons de pássaros em revoadas matinais.
Revoadas de encantamento e pura maestria que penetram fugazmente ao ressoar das lembranças que estão impregnadas na hora que exala sentimentos bons ou ruins do meu pulsar... ao encontrar-me numa encruzilhada: tomar ou não tomar outro caminho? E, lá no fundo d'alma uma voz se cala dentro de mim, por entre soluços, e lágrimas amargas; e de chofre, percebo...tarde demais... mais uma vez...pois, por mais que eu não queira elas vão e veem...intempestivas e desavisadas - numa nostalgia incomparável e luculenta!E, tudo continua... como era antes...e como deveria... ser... E. um rugido intenso causa-me um torpor soturno... e não consigo sair do turbilhão de saudades e lembranças que insistem ressurgir nas menina dos meus olhos que pressentem...
sob grinaldas enevoadas ao tecerem dissabores e dores infindas da minha alma perdida... retesando curvas e estradas que não percorri... por medo de seguir e seguir...
Mas, agora do fogareiro, restam-me cinzas e brasas do que fui um dia... ao estar aqui e viver nesse espetáculo gentil, que, sempre me acordava - e do homem, esse nem sei se o sou, enfim...
agora frustrado e acorrentado em labirintos sem fim...
Da fazenda grande ficou o doce olhar da morena, que lá um dia deixei, e hoje, vive ensandecida a correr pelos vales ao banhar-se de rio das lembranças do moço que nunca mais surgiu nos seus sonhos de menina que sempre...o esperava... em noites de lua cheia ou nas noites invernadas!
Ficou na porteira, à beira duma estrada... chorando... chorando...e cantando ...versinhos e trovas... lembrança do moço bonito da cidade... que, com voz de veludo... cantarolava... para ela! E, tudo continua... como era antes... e deveria...ser!
Elzana Mattos
Enviado por Elzana Mattos em 26/07/2011
Alterado em 29/11/2013
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