Eu prefiro viver à custa dos sonhos, inimagináveis
Devanear vertiginoso sob campos de papoulas
Imerso na noite sangrenta e cruel ao expô-las...
Seja a extensão do meu sexo frágil, imprestável
E lá se vai, amiúde, o bicho homem - diástico!
Eu prefiro sentar nos bancos da praça a seco
Sem fazer pirraça ou troça dos transeuntes
Ao desfilar ornatos esconsos, impertinentes
E lá se vai , amiúde, o bicho homem - sarcástico!
Eu prefiro abrir a boca escarrada, escrotais
Com a língua despedaçada, enxofre, letal...
Quiçá, calar a boca, raquiópago, venal...
Incontáveis palavras proferidas, mortais!
E lá se vai, amiúde, o bicho homem - fanático!
De sorte - um corisco passou e caiu pertinaz
Na palma da minha mão; feriu na veia...
Virou bolhas de sabão ao evaporar pelo ar!
E lá se vai, amiúde, o bicho homem - epifânio!
Todavia, havia ou não, um preço a pagar mordaz
Pelas loucuras desazadas que haviam por lá...
E lá se vai, amiúde, o bicho homem - escárnio!
Elzana Mattos
Enviado por Elzana Mattos em 24/08/2011