Elzana Mattos

Gotas Acesas -  que jorram infinitamente...do meu ser!

Textos



 
O milagre da vocação!
 
    Uma página em branco é tudo o que eu preciso. Uma ideia na mão é o que mais estrigo... de colheita em colheita; estando sempre à espreita; há infinitudes dentro dos meus preceitos que são escamoteados no ir e vir dos meus devaneios; há em mim um estranhamento de falares e sentires que se misturam com um pouco de tudo que há. 
    Assim, revejo lascivas sensações de sentidos que se exasperam e se perdem dentro e fora do universo de areia que construí, mesmo permanecendo estaticamente absorta. 
     Perco-me encastelada em miragens venenosas que ao som dos ventos evolam e flutuam como folhas quase vivas, que se dissipam vorazmente diante da imensa nuvem que se forma e se transforma nos meus riscos e traços que se definem e personificam outras tantas voltas que damos diante de outros espelhos, e mais,  diante da nossa falsa crença do querer sempre o que não se guardou, ou o que fica ridiculamente estampado na carapaça fisionômica que me detém para fora dos meus recomeços. Então, recorro à ponta de uma navalha afiada, perfuradora e dilacerante desse turbilhão ideário que me prende e me sufoca em flocos de algodão que compartimentados se introduzem,  paulatinamente,  nas entrelinhas, subdividindo-se em ações e fatos ainda não experienciados. 
     Cada linha ou vácuo que se firmam nesta superfície enigmática, de alguma forma me favorece, quando ironizo ou fragmento certos pensamentos projetados de dentro de mim, em forma de gelo ou asco e que necessariamente, extrapolam o que há de peçonhento ou castrador na roda intrépida, a balouçar sem parar nos redemoinhos, irisados pelos sentimentos tortos ou trancafiados na Alameda da Vida,  que deságua em infinitos mares de desencantos.
   Quero escrever chorando. O choro mornamente tracejado nos pigmentos oriundos da memória ao armazenar outras escolhas que serão desfolhadas ao toque miraculoso da hora enigmática que, insofismável, aquiesce. 
      E a folha etérea, se inunda e se orvalha... mesmo que eu não queira, ou mesmo que o outono... não passeie de leve pelos meus cabelos!  

 
Elzana Mattos
Enviado por Elzana Mattos em 22/12/2012
Alterado em 21/10/2013
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