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Luna
Desce com um olhar de ressaca
Olhos de víbora,
Gestos de calhau
Espreitando abismos...
Que encerram
Estrondosos ruídos,
Rumores moucos...
De mármores partidos.
Desce trôpego e confuso
Intemerato de desejos...
Pleno de carícias mornas,
Ondejantes sentidos...
Como feixes rutilantes,
A reluzir estrada vazia
Na madrugada fria...
Que assola e me rende.
Desce maculada e nua,
Ao cair da noite cinzenta
Banhando sonhos...
Celebrando vida.
E, como vulto quebrado
Pressinto volúpia...
A consumir madrugada
Que arde, porém, tarde...
Medos retorcidos n'alma.
Ora revestidos de segredos
Num reflexo intocável,
Por vezes, opaco, sensível,
Na avenida tênue dos desejos...
Elzana Mattos
Enviado por Elzana Mattos em 11/02/2011
Alterado em 06/02/2014
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