Oh mar...
Oh, mar salgado porque me enfeitiças?
Oh, ondas traiçoeiras porque me convidas?
E, num afã louco sorvo pegadas trêmulas na areia
Que deslizam descompassadas em desvelo.
E, no vai e vem da gôndola do tempo...
Perco-me em pedaços, estilhaçado em charcos, a esmo...
Ansiando a própria morte... sem medo.
E, num mergulho profundo das dores da carne
Vejo-me em lágrimas a arremessar velhas lembranças
Ah lembranças, de tempos bons do que se foi e exauriu,
A carne sofrida de amante...
Outrora boêmio, sonhador,
A viajar todas as noites,
Por entre bordeis,
Bares e becos,
Falanges de sangue e sal.
Estupefato de impressões mórbidas,
De tórridos mares, cruéis de incertezas.
Oh, água intempestiva - bendita, creio.
Arremata-me, sem demora - de vez,
Antes que seja tarde!
Elzana Mattos
Enviado por Elzana Mattos em 21/03/2011
Alterado em 08/07/2011