Realengo - Negrume
No negrume do céu de muitas vidas...
Muitas almas... perdidas...
Negra sombra pairava nos teus olhos...
Escondidos na penugem do terror...
Que invadindo tua alma em desvario...
Para um plano maquiávelico... arquitetar...
Um massacre começar:
Dilacerado o peito em cortes e sangue,
Sob redemoinhos de tristezas,
Que pairavam sem cessar no espaço...
Fechado de um apartamento...qualquer,
A executar etapa por etapa...
Até o momento final,
Seu plano implantar...
Um massacre começar!
Naquela manhã tranqüila...
Onde o sol temerário não apareceu...
Acho que envergonhado... com medo,
Talvez...das próximas horas!
De repente...
Uma chuva intrépida e dissonante...
Acorda o silêncio...
Sob gritos e urros de dor...
E uma chuva intempestiva...
Que parecia festim... não parava de açoitar...
Da mente tórrida em desalinho...
Que agia frenético, impulsivo à revelia...
Pingos de chuva,
Gotas de sangue,
Na calçada do infinito...
No berço da Escola Tasso da Silveira,
Que abrigava sonhos e livros...
Defrontou-se com um destino cruel, fatídico...
Que marcariam muitas vidas...
Uma multidão de sonhos interrompidos...
Por um brutal - assassino!
Caíram então, sobre o papel molhado de sangue... e dor...
Cadernos, mochilas espalhadas pelo chão... de muitas dores...
E por entre lágrima e gemidos, lá fora se ouviu...
A dor colossal de muitas vidas.
Dor colossal de muitas vidas...
Dor colossal de muitas vidas...
Ceifadas tão cedo...
Doce... parca vida!
E foram arrebatadas,
Por pertencerem ao Rei?!
Agora inertes, intrépidos, esquecidos.
Amontoados em sangue...
Ansiando uma gotinha de vida...
Vidas que se escorrem... brevemente, pelos dedos assassino!
Raras e preciosas pérolas... foram ceifadas no caminho...
Jovens cedo partiram para o infinito...
Para o alto, quiçá, diria!
Tempestades e chuviscos de balas insanas!
Que riscavam as paredes nuas daquela escola...
Naquele dia fatídico de desesperança!
Coriscos riscavam o negrume céu...
E o titilar das balas em punho,
Riscavam o negrume do céu...
De muitas vidas!
Muitas almas...
Perdidas!
Sob o domínio do medo e reféns da agonia...
De um dia em rebeldia e negrume só...
Dor colossal de muitas vidas!
De uma sociedade que impotente - assiste:
O desvelar de muitas dores...
De muitas vidas...
Que não tiveram escolhas,
Simplesmente... estavam na hora marcada.
Em conjunto...uníssonas...
Por pertencerem ao Rei?!
Para o beijo gélido... da morte insana!
Que os levaram... sem termo!
Jovens e castos de sonhos... e doces lembranças(...)
No negrume do céu de muitas vidas...
No negrume do céu de muitas almas...
Elzana Mattos
Enviado por Elzana Mattos em 17/05/2011
Alterado em 08/07/2011