Devaneio II
Vejo-me em um labirinto de cordas... neste oceano sem fim...
Que entrecortam os meus pensamentos e rasgam a minha carne.
Vejo-me abrirem-se vísceras profundas da dor intrépida,
Que assola e rasteja em meu peito ferido...
Que sangra vertiginoso e indefeso.
E como anéis, preso, agora, atados,
Num túmulo da morte, regaço... que me espera...
Aflito e intemerato, encontro-me no arrebol dos ventos...
Então, solto-me e parto, indefinido...
Como um louco solitário... vagando nos espaços perdido!
Vejo-me rente a dor... incomensurável,
Que rasga nitente... o meu eito em germes...
Negrume audaz... que me prende em téias de ventos...
Assim, pobre órfão, suplanto sombrio,
O grito da cruz pesada que me consome...
Assim, permaneço emudecido... na superfície densa do mar infindo,
Mensurando restos de mim na curva breve...que me sufoca,
Que desponta... vai e vem...
No horizonte extenso dos meus medos!
Ó labirinto colossal que me abriga...
Embalde à solidão... me manda um grito!
Liberta-me dos grilhões que me prendem... em vida!
Elzana Mattos
Enviado por Elzana Mattos em 18/05/2011
Alterado em 08/07/2011