Pensar dói!

Quem soubesse o que sentes, garça triste,
Quem soubesse o que pensas sem mim,
Quem soubesse em quem pensas, assim,
Não sentia a dor que eu sinto quando partiste!

Quando com breve passo passa sem olhar,
Em minha rua toda sinuosa de ancas solta;
Tu percebes minha ebulição, e meu suor - revolto,
Minhas mãos gelam e tremem sem parar!

Desdobro-me em imagens quentes, e não as saberás jamais,
Porque o que ignoras e sentes em segredo, à revelia, por mim;
Que nos destrói, mal ou bem, e nos apoquentas, em Viena!

Penso em coisas desconcertantes, inconfessáveis,
Assim, não penses, pois, meu amor, não pensa, em fim,
Tudo isso sem senti-la e desejar-te, se vale a pena!