Sou um sapato quase velho tiras estragadas cadarços empoeirados couro gasto cor desbotada. Sou um sapato quase velho que um dia calçou os pés da morena do moço maroto do velho tosco da mulher assanhada. Sou um sapato quase velho na beira da estrada jogado a ermo... sem termo sem nada. Sou um sapato quase velho que um dia esquentou o teu olhar ensombrado que um dia serviu aos caprichos... alados. Sou um sapato quase velho agora na sarjeta eu busco uma besta que queira usar... esse farrapo quase humano que insiste calçar. Sou um sapato quase velho lágrimas em coro para o teu coração despertar. Sou um sapato quase velho àquele sapatinho encantado... da sua janela que ficou a esperar pelo presente sonhado... Sou um sapato quase velho e de novo... quero alegrar enfeitar amarrar e que sabe um dia... silente... vais calçar. Sou o sapato... quase velho, que mora no teu olhar...