Ganhei um relógio do tempo
tão velho...tão velho...
que não sei como olhar
para ver o tempo passar...
Era um relógio bem grande
todo de ouro fundido
pulseira grossa e,
vidro cristal,
mais pareceia
um diamante.
Era todo largo e bem vistoso...
causava frisson...
no olho do povo,
que sonhava de bobo
com àquele...relógio novo.
Era revestido de pedrinhas brilhantes
que reluzia à luz do sol...
e me acordava todo dia...
para assitir à missa do Padre.
Era tão precioso que causava cobiça,
disputa de posse e herança bendita!
Era um relógio certinho...
que marcava horas, minutos e segundos,
mais... parecia britânico...
de tão prontual e certinho...
tal qual, o relógio, da velha matriz,
que, batia... primeiro.
Acordava: o padeiro, o açougueiro,
a moça bonita, a filha do Zé,
D. Fia, o Padre,
e o Rezende, que, só atende,
por uns mil réis ( a não ser, pelo
relógio) que foi herança do meu avô...
Que, com muito gosto e alegria...
de herança...me deixou:
O Relógio de Ouro!...
Que, hoje virou...besouro...
e voou... voou...
na asas...do vento
que, sem tempo...
seguiu útil ou inútil,
na voz do menino;
que há tempo... se vê...
na casca dourada...
ao refletir... seu cuidado
que, no próprio tempo
seguiu sem olhar:
passou tempestades...
mudanças, e tristezas
no relógio.. encantado
perdido... em si mesmo.
Do tempo...que não passou...
e insistiu... ficar
nas horas breves
do seu coração... a rodar:
ao marcar instantes
minutos e segundos...
que, não voltarão... jamais!...
na memória do tempo...
que, partiu em silêncio...
ao contemplar àquele
belo presente...da minha
meninice, e voltar:
a contar... o tempo...
na luz dos ventos...
ao indagar:
que horas são,
em meu coração?...