Diante da penteadeira de três espelhos...
A moça bela arrepiava-se frescurazita da tarde...
Seus olhos luminosos não abandonavam os espelhos,
E, lá fora, a noite morria - desapercebida sem alarde!
Reflexos e imagens são formadas disformes na tarde...
O pente deslizava mecha por mecha; desalinhando os cachos,
Veste entreaberta, deixa aparecer, o seio rosado que arde...
De luxúria intempestiva que silenciava... feito nichos;
À noite - alguma coisa arrepiou-se pressagiada sob fachos,
Absorta, jogou o pente de ímpeto ao chão, atroz...
Eram pardal-zitos que passeavam em sua janela, irados...
A noite repousou - impaciente à espera, lisonjeada, veloz;
De chofre a bela folheou um jornal amiúde...
A farfalhar lembranças à meia luz na quietude!
Soneto inspirado - fragmentos: Conto de Clarice Lispector,
Devaneio e embriagues duma rapariga. - Laços de Família.
Elzana Mattos
Enviado por Elzana Mattos em 14/10/2011
Alterado em 14/10/2011