Que os pálidos rouxinóis da tarde,
Cantem eloqüente a elegia da hora,
P'ra suplantar o instinto que aflora,
Na pequenez enrustida que s'esconde!
Oh rouxinol da minha janela em solitude...
Dome meus cabelos selados e mudos,
No dorso esguio dum corcel moribundo,
Que inútil s'esgueira da decrepitude!
Vens tranqüílo alçando liberdade...
Devolva-me a paz e a minha sanidade,
Eu, que sempre vivi na infantilidade,
Mesmo nos momentos de castidade!
Segues andarilho da boa sorte dos mortos,
Ao descansar infante toda à sua ira...
Nos mausoléus marmóreos dos templos,
Ao receber-te inconfesso na pira!
Irás pelos céus em negro manto...
Ao avistar a dama da noite em pranto,
Enxugando-te as lágrimas derramadas,
Nos mosteiros e sinagogas, enclausuradas!
Então entrarás em Nirvana astral,
Ao adentrar no paço celestial...
Onde só ouvirás à lira suave da homília,
Que entrarás na tua casta em vigília!
Estejas pronto ao sorver o cálice sagrado,
Na oitiva sinfônica, indelével, que se ouvirá,
Notas efusivas e palor de uma Ode enlutada,
Que fora dedilhada em noite Sagrada!
Elzana Mattos
Enviado por Elzana Mattos em 03/02/2012
Alterado em 04/02/2012