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Minha casa não é mais minha casa
Meu corpo não é mais meu corpo
Minha vida não é mais vida...
Minha dor não é mais dor.
Não tenho mais invólucro,
Não tenho mais textura,
Aveludada...
Não tenho mais viço,
Não tenho mais ilusão...
Romanceada.
Perdi minha máscara,
Desnudei o corpo,
Caí no poço...
Virei sorvete...
Derreti nas ruas...
Enlameei meus sonhos,
Sofri tantos desenganos...
Nas noites desgraçadas.
Senti envelopada,
Sem sorte...
No corte do catre,
Selada nos espasmos
Aprisionada nas charruas
Cruas e nuas do passado...
À frente do tempo...
Que se vê do espelho -
Da mediocridade;
E, por detrás do futuro -
Que se desconhece.
Meu corpo não é mais...
Meu corpo...
Ou o é:
Passagem ilusória...
Compulsória,
Transcendência,
Do nada que restou...
Vampirizada,
Nas esquinas praguejadas,
Indecifráveis, de mim.
Na (in) loquência do ser,
Ou não ser...
Por estar a se (re) descobrir.
Na cama de vidro ou,
Na passagem do tempo...
Escoado...
Na gôndola... lentamente...
Dos atavismos imputados,
N'alma e no corpo desfigurado;
Sem teto... e quase nada...
Despido... sob ruínas...
Que se fure ou se pregue,
Nas teias do inusitado.
No coador emborrado,
Que se bebe,
Se engasgue,
No preto do café...
Derramado.
Minha casa fechou,
Sem chave e sem telhado,
À céu aberto...
No descampado.
E, meu corpo...
Ah, meu corpo,
Morreu,
Hauriu-se no solo...
Da eternidade!
Elzana Mattos
Enviado por Elzana Mattos em 16/07/2012
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