Eu nunca fui um jardineiro, mas, plantei muitas flores...
Eu nunca fui um jardineiro, mas, plantei árvores e mais árvores...
e infinitos horizontes de gramas.
Mesmo sem ser jardineiro, sei de todos os segredos da terra:
Sei arar, plantar, germinar, e colher...
Sei cortar, aparar, e remexer a terra úmida, preta e vermelha.
Sei regar, fecundar o solo, regar sementes e semear sementes...
Eu sou jardineiro em dias de Sol ou dias torrenciais de Chuvas...
Trabalho de sol a sol e no frio...ouço os ventos gentis...
e espalho boas e más sementes...
Tenho mãos calejadas de tanto usar a enxada para plantar
e para colher...os frutos abençoados do chão;
mas elas, as minhas mãos... são tão delicadas
e sensíveis ao toque na tessitura indelével
e suave da seda - sempre dispostas, leves,
e mágicas ao plantar e ao colher...
Eu nunca fui um jardineiro de fato!
Mas, sinto-me um jardineiro!
E, no ato, sinto-me quase perfeito!
Por que os jardineiros os são perfeitos?!
Pois, a perfeição está no olhar, no toque sensível,
que brota à colher... o que há pra se colher.
Se aparecer uma erva daninha - de pronto!
as arranco sem doer...
E, ao toque mágico da vida que se levanta...
com os Girassóis dos campos madrugueiras
e verdejantes... que saem juntos e altivos
em direção aos raios luminescentes...
que se espalham bem felizes por toda a plantação
de sonhos e mundos...
Eu sou jardineiro sim, porque sou poeta...
Colho flores, folhas verdes, folhas secas, gravetos...
Colho flores e colho espinhos...
Dou-te rosas vermelhas ou amargas a serem tragadas...
Ou àquela rosa esquecida à beira duma estrada...
Mas, por ser jardineiro, por vezes, sou espinho venenoso:.
pico, firo, e causo dores infindas...
Estanco o sangue e estanco a dor...
Eu sou jardineiro - poeta dos tolos, dos bobos, e do povo...
O homenzinho dos sonhos... em meio ao rebanhos...
em dias de sol e em dias de chuvas!
Sou jardineiro - pescador do amor... e da flor...
Que fica à beira-mar no cais sem amor...
No cais da dor.
Sou mais um no meio do nada que brinca de fazer arte...
e brinca de ser um semideus!
A mudar destinos e ao tocar os sinos dos jardins do Éden...
Só para poder fazer a tessitura maravilhosa do tempo;
por ser um velho e doce jardineiro a semear poesia...
sem incomodar ou causar maiores tristezas!
Pois, sinto-me o jardineiro/poeta de Deus...
Nesse paço encantado...
Da Vida!...